25.6.09

Uma xiita na balada

| Chamuscado por Laritz |

Sempre fui uma criatura da noite. Desde minhas primeiras baladas (que na época ainda não eram chamadas por esse nome), frequento o lado mais underground da noite paulistana. Ou, como carinhosamente dizia mamãe, os "antros de perdição". Gosto mesmo de dançar nos meus porõezinhos enfumaçados, ao lado de gente alternativa, de visual moderno e, principalmente, de boa música. Quanto mais de vanguarda, melhor. Quanto mais pessoas diferentes, mais eu gosto. Detesto a normalidade.

Meus amigos me consideram xiita nesse aspecto. Sabem que fico de bico a noite toda se vou a um lugar que não me agrada. Devido a esse meu fundamentalismo histórico, sempre fugi das baladas, digamos, mais populares ou comerciais. Não vou e ponto final, não insista. Mas os tempos mudam, o ascendente começa a dominar o signo solar, e decidi que era tempo de experimentar novos ambientes. Eis que, convidada para o aniversário de uma amiga, resolvi conhecer uma tal de The History, na burguesa Vila Olímpia.

Assim como meu amigo Cachorro Cansado, sempre nutri um certo preconceito pela Vila Olímpia. Só frequentei o bairro na época do saudoso Lov.e, um inferninho pra lá de bom. Mas, acompanhada de três amigas divertidíssimas, aceitei o desafio de conhecer a balada da terceira idade The History.

A casa é bonita - e cara. Bem cara. Para entrar com nome na lista, é preciso chegar cedo (outra coisa que, historicamente, detesto fazer). Porém, pouco depois das onze da noite, estava plantada na fila, já percebendo que seria uma festa estranha com gente esquisita. Mas o importante era que eu estava totalmente desarmada e com a idéia fixa de me divertir onde quer que fosse. E mais importante ainda é que, na hora de sair de casa, tive um ataque súbito de cinco minutos e troquei meu vestidinho moderno, de visual rocker, por outro mais convencional. Imagino o furor que aquele modelito teria causado na buáti!

Por sorte, ficamos num camarote na lateral da pista, imunes à muvuca idosa. A casa toca som dos anos 70, 80 e 90. A música, de fato, é ótima! E os telões passam pérolas das priscas eras, como clipes de Elton John antes da calvície, Michael Jackson ainda com nariz, Donna Summer sem botox e outros dinossauros. O auge foi o vídeo de "We Are The World", seguido por uma montagem de comerciais antigos. Confesso que foi divertido ouvir o povo cantando em coro: "Na hora de tomar café, é o Café Seletooooo"...

Mas, se o lugar é legal, o público causa medo... Muito medo! Nunca presenciei tamanha concentração por metro quadrado de tiazinhas com bocas a la Glória Menezes. O silicone bucal disputava espaço com tiozões pançudos, todos de cara cheia de uísque (há de se ponderar que tiozão, nesse caso, é aquele que já dobrou pelo menos metade do Cabo da Boa Esperança). Entre os mais jovens, figuras que utilizavam a garrafa de cerveja como microfone imaginário para dublar as músicas. Algo bem bonito de se ver.

Não me dei por vencida. Resolvi circular para ver se a paisagem melhorava. Então avistei o que considerei ser a única criatura pegável da noite. Era uma versão mais madura de Ricky Martin, com cabelo igual ao do vocalista do Echo & The Bunnymen. Parado, o moço até era estiloso e tinha um belo sorriso. No entanto, quando começou a fazer coreografias malucas e olhar de John Travolta dançando com a Uma Thurman em Pulp Fiction, achei melhor engolir o riso, enfiar a viola no saco e voltar para o camarote sã e salva.

A solução foi fechar os olhos e acabar meu lindo sapatinho de bico fino de tanto dançar. Dancei como se não houvesse amanhã (afinal, não havia mais nada a fazer ali mesmo). E saí correndo (ou melhor, mancando, porque meus pezinhos delicados estavam massacrados de tanto bailar) antes da hora da xepa, quando a balada vira território de ninguém e as cantadas dos bêbados ficam ainda mais baratas.

Por essas e por outras, ainda prefiro meus porõezinhos alternativos encravados nos becos paulistanos... Ou um belo boteco sujinho, regado ao bom e velho róquenrou, na companhia de um bando de boêmios.

3 comentários:

Blog Dri Viaro disse...

hehehe que lugar hein?
qdo eu era da epoca da balada vivia pela faria lima nos barzinhos. agora perto de casa tem um tal de Pacha já ouviu falar? parece que é uma rave.rsrs

bjsss

PÉRICLES repórter investigativo disse...

eita..pois é, a gente vai nessas coisas e, nós que pensávamos ser a "gente estranha e esquisita" vimos acontecer justamente o contrário. E é melhor asim..rss
bjs ..gostei. Conte mais.

Mosana disse...

HAHAHAHAHAHA quase cai da cadeira de rir pq ridow conhece o dono dessa buatchy! é o DJ Iraí Campos e os amiguxos dj's de ridow vivem indo lá! e ridow já foi idem! hauhauahauhauhauhauhauh
ao menos vc elogiou o som! menos mal! hauhauhauahau
kisses

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