12.11.08

Papai Noel velho batuta

| Chamuscado por Laritz |

Na qualidade de mãe zelosa e up-to-date com as novidades natalinas, decidi levar as crianças para ver a chegada do Papai Noel no shopping. Noite de terça-feira, frio, garoa, imaginei que não haveria tanta gente assim. Eu e a torcida do Corinthians pensamos a mesma coisa. Chegamos lá ainda cedo. O clima era de festa e ficamos na fila da pintura de rosto, que a garotada tanto gosta de fazer e as mães, de limpar. Nem estava tão longa, mas os artistas eram muito lentos. Muito lentos mesmo. Esperamos, esperamos, esperamos. Bem na nossa vez, todo mundo correu alvoroçado para a porta, pois o bom velhinho estava chegando. Desistimos da maquiagem e lá fomos para a entrada. Uma multidão se aglomerava. Saquei meus tentáculos de polvo-mãe e me equilibrei para segurar dois filhos, quatro balões e uma bolsa gigante, que eu tentava proteger de eventuais meliantes. Permanecemos quase meia hora em pé, firmes, fortes e com frio, ouvindo uma banda barulhenta de palhaços – e todo mundo sabe do meu pânico de palhaços. Eis que do outro lado da avenida, ao longe, avistei o que seria um trenó e respirei aliviada, até perceber que em vez de seguir em linha reta em direção ao shopping, o homem resolveu dar a volta olímpica onde Judas perdeu as botas. Fantasiei que seria uma entrada em grande estilo, de helicóptero ou de rapel, mas me frustrei ao vê-lo aparecer numa carroça enfeitada. Convenci as crianças que seria melhor esperarmos dentro do shopping, pois conseguiríamos vê-lo de qualquer jeito e pelo menos não passaríamos mais frio. Depois de algum tempo, finalmente entrou a comitiva do Papai Noel, composta por uma multidão exausta de mães, pais, agregados, meninas e meninos de todos os tamanhos e cores, seguranças, fadas, duendes e mais alguns seres mitológicos saídos das profundezas do ABC. Percebi que saltitavam todos rumo ao trono que o gordinho de vermelho ocupará até o Natal, puxei as crianças e cortei caminho, indo pelo sentido oposto daquela horda, me sentindo a mãe mais inteligente do mundo. Há! Há! Há! Ou melhor, Ho! Ho! Ho! Milhares de pessoas foram mais espertas e formaram uma fila mais conturbada que a dos ingressos da Madonna. Sem o menor campo de visão no meio daquela muvuca, agarrei as crianças e subi a escada rolante, para que ao menos avistassem o barba branca lá de cima. Ficaram frustrados, mas ainda gritaram felizes “Ho Ho Noel, Ho Ho Noel!”. Do andar superior, vi um molequinho de amarelo abraçar o cara com um sorriso de felicidade tão grande quanto o do primeiro cliente que comprou o ‘aifone’. Prova cabal que brasileiro gosta mesmo de fila. Consolei as crianças alegando que, naquela confusão toda, provavelmente o Papai Noel não anotaria direito os pedidos e entregaria os presentes trocados, por isso seria melhor voltarmos depois. E para encerrar bem o calvário, entrei na sapataria, peguei de volta meu trambolho de viagem que não foi consertado e saímos os quatro pelos corredores lotados: eu, crianças e mala sem alça – todos com os pés doendo e sem um pinguinho de espírito natalino. Baixinho, cantarolei a música dos Garotos Podres: "Papai Noel velho batuta, sujeito miserável... Presenteia os ricos e cospe nos pobres".

4 comentários:

Mosana disse...

esses encontros são sempre ANIMADOS!!!
meus filhos parecem lombrigas escorregadias... e SEMPRE conseguem se desvencilhar das minhas 8 mãos de mãe polvo e somem feito fumaça! comigo no encalço gritando feito louca!
sinistro.
lá perto do apt no shopping interlagos tá tudo arrumado e lindo para o Natal! prometi levá-los esse fds.
G-zuz me ilumine!
Nota mental: levar algemas para oa nanicos não sumirem.
E o pior é que eles ficam realmente hipnotizados com o velho batuta né? Algo mágico e único.
Kissessssss

Mosana disse...

siiiiiiiiiim.. PRECISAMOS marcar algo bacana para nós e para os fedels (apelido carinhoso dos meus fedelhos)!!!!
deixa essa tempestade da mudança passar que a gente vai tá pertinho!
kisses

Fernanda disse...

Ai, cada mico que a gente sofre por causa dos pequenos... Só quem é mãe sabe. rsrsrs

Pezzolo disse...

ahahahaha o pior q eu trombei com esse noel no parque central.
ele tava se arrumando pra sair lá, e não tinha ninguém em volta

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