11.2.09

Grande Irmão

| Chamuscado por Laritz |


George Orwell, no fantástico romance 1984, imaginou um circuito de monitoração de todos os cidadãos, bisbilhotados 24 horas por dia pelo onipresente Grande Irmão. Inspirado na opressão dos regimes totalitários das décadas de 30 e 40, o livro foi escrito em 1948 (o título simplesmente inverteu os dois últimos dígitos da data) e é assustadoramente profético. Retrata um Estado repressor que não mede esforços para observar e dominar as massas e, assim, manter sua estrutura autoritária inabalada.

O que foi concebido por George Orwell como uma crítica ao stalinismo e ao nazismo (dizem as más línguas que também ao comunismo) acabou batizando o programete campeão de audiência da Rede Globo. Muita gente sequer imagina a origem do nome Big Brother e talvez por isso se encante com a tal monitoração de pessoas aparentemente comuns. Afinal, que pecado há em dar apenas uma espiadinha descompromissada?

A questão é que tal espiadinha está se transformando em mania nacional. E essa onda poderá se tornar tsunami. Se já me assustava a idéia do fanatismo do público em torno de um programa que se limita a observar o cotidiano de meia-dúzia de gatos pingados sarados na tela da tevê, tomei imenso choque com a nova ferramenta lançada pelo gigante das buscas, o Google Latitude. Trata-se de sistema que promete rastrear usuários por meio do celular e visualizar seus paradeiros por meio dos mapas do Google Maps.

O Google Latitude foi alardeado como singela ferramenta para "localizar amigos em tempo real". Penso cá com meus botões que, se vingar, servirá como uma verdadeira teia do tal Grande Irmão imaginado por George Orwel. Será uma verdadeira rede de espionagem e intrigas. Logo, todos estaremos entalados nela.

O rastreador acaba de ser lançado e, felizmente, já é alvo de acusações de ameaça à privacidade. Marcelo Coelho, em artigo publicado na Folha de S.Paulo de hoje, diz: "O sistema inventado pelo Google transforma cada portador de celular num preso virtual". E vai além: compara o troço àquelas algemas eletrônicas que os presos em liberdade condicional usam (incluindo os bispos brazucas detidos nos EUA).

Eu confesso: tenho muito medo do Grande Irmão, cujo lema é "Guerra é Paz; Liberdade é Escravidão; Ignorância é Força". Quanto ao livre pensamento, este é sumariamente punido com a morte.

6 comentários:

Fernanda disse...

Eu me cago de medo dessas coisas. Ainda bem que isso não existia na minha época de adolescente, imagina só minha mãe me ligando a noite toda no celular e, caso eu não atendesse, sabendo minha localização exata pelo Google. Vixe!

Mosana disse...

concordo com a fernanda.. sorte q nem tinha disso na minha epoca de aborrecente..
mas ao menos por enquanto soh se cadastra nisso quem quer... e quem tem celular apto.. eu escolhi ficar de fora.. mas muita gente preferiu entrar nessa.. espero nao viver para ver isso ser obrigatório...
+_+
sinistro mermo
beijos

Unknown disse...

Daqui a pouco, vão colocar chips em nós para controlar cada passo nosso.

É um dos males da tecnologia. Não diria males da tecnologia, mas o que o homem é capaz de fazer com ela. Seja para o bem, ou para o mal.

Pezzolo disse...

foi minha peça de segundo ano de faculdade... na época a abordagem era os big brothers e reality da vida... mas agora com as novas ferramentas de internet, o verdadeiro big brother começou, todo mundo vigia todo mundo...

Anônimo disse...

Daqui a pouco vamos ter que nos ater a deixar o celular em casa..... eu tenho pavor dessas coisas

Laritz disse...

Muito medo desse admirável mundo novo...

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