Lagarta de Fogo

Domingo passado, Dia das Mães, minha mãe comemorou quatro anos de vida, graças à solidariedade de uma família que, mesmo em um momento de dor extrema, doou os órgãos de um rapaz. Ela recebeu o fígado, porém outras pessoas também renasceram com coração, pulmões, pâncreas e rins daquele jovem. Foi uma luta árdua até ela ser transplantada, mas hoje ela leva uma vida absolutamente normal e feliz.

Ontem, o Fantástico exibiu o último capítulo da série do Dr. Drauzio Varella, Transplante - o Dom da Vida. E ao acompanhar o transplante pulmonar da jovem Kelly, eu me emocionei profundamente ao reviver toda a angústia daquele dia 10 de maio de 2005, quando recebemos o telefonema salvador avisando que havia chegado a hora. Lembrei da despedida de minha mãe, quando seguiu de maca para o centro cirúrgico, da agonia durante a longa madrugada aguardando notícias e da felicidade de vê-la acordada na UTI, com um fígado novinho funcionando dentro de seu corpo. Sete dias depois, ela estava em casa, sã e salva.

O episódio final da série me fez chorar muito, como há tempos eu não fazia. Não foram apenas lágrimas de emoção. Eu solucei de felicidade, olhando para minha mãe ali do lado, vendo-a forte e saudável. Dei-lhe um abraço apertado, agradeci pela coragem de ter lutado e pedi a Deus que dê a mesma chance de vida a todos que tanto necessitam. Espero que as emocionantes imagens exibidas ao longo do programa ajudem na captação de órgãos e devolvam a alegria de viver a muitos, como ocorreu com minha família.